A rotina de um homem multifacetado…
Um dia bem passado…
Sabendo que nos aguardaria no jardim da Quinta das Lágrimas, um local agradável e que habitualmente frequenta, saímos da nossa escola no dia 21 de Fevereiro, pelas 8:30, em direcção a Coimbra, para nos encontrarmos com o Professor Carlos Fiolhais.
Chegámos lá por volta das 10:00 e, sem grande espanto, observámos o Professor, sentado num banco do jardim, muito pensativo olhando tudo em seu redor. Fomos ao seu encontro. Esperava-nos.
Iniciámos a conversa comentando a relação entre a enorme paixão proibida, ali vivida muitos anos atrás entre Pedro e Inês e a paixão – felizmente não proibida – de que se reveste a vida do Professor, entre livros, conferências e investigação.
Levantando-se do lugar onde estava, convidou-nos a acompanhá-lo num passeio pela quinta. Levou-nos ao local onde, segundo a tradição, Inês foi assassinada. Aí falámos daquela história e de como, ainda nos dias de hoje, as pessoas persistem em julgar os outros e imiscuir-se nas suas decisões.
Falámos de Galileu. Da forma como foi atacado por mentes mesquinhas e pouco con
hecedoras, mas que se afirmavam como detentores da verdade.
Fomos depois até ao campo de treino de golfe onde o Professor mostrou como é uma pessoa versátil e nos ensinou a manusear o taco. Nem aí a Física ficou esquecida, pois explicou-nos a relação entre a força aplicada, o ângulo da batida e a trajectór
ia da bola.
Após esta fase de conhecimento pessoal, Carlos Fiolhais convidou-nos a acompanhá-lo no seu dia. Levou-nos a conhecer a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, de que é director.
Na recepção vimos como se requisita um livro, passámos pelas salas cheias de estudantes aplicados, num ambiente de pura tranquilidade.
Levou-nos ao último piso, onde nos mostrou o seu gabinete de trabalho: um local bem iluminado e aprazível. Daí demos um pulo aos arquivos, em cujos sete pisos se amontoam livros até ao tecto. “Isto está a rebentar pelas costuras. É urgente a criação de uma nova biblioteca, no espaçoso edifício que a Penitenciária de Coimbra há-de libertar, quando for transferida para a periferia da cidade. Mas até lá teremos que continuar com estas estantes atravessadas em quase toda a largura.” "Os bombeiros, se aqui viessem, não gostavam de ver isto"- afirmou Carlos Fiolhais. 
Dali demos um pulo à Biblioteca Joanina, um Monumento Nacional do séc. XVIII, onde estão guardados os livros mais antigos (até 1800). “Este espaço é hoje utilizado, com frequência, para concertos, exposições e outras manifestações culturais ” – explicou-nos o Professor. 
Como se fazia tarde, e o estômago pedia algo, acompanhámos o Professor até ao local onde habitualmente almoça, bem perto da Biblioteca, pois não pode desperdiçar tempo.
Neste local, fomos aprofundando o nosso conhecimento sobre as opiniões de Carlos Fiolhais em relação a tudo em seu redor, o que, por vezes, nos deixava de “boca aberta “ e ao mesmo tempo encantados. A conversa começou a “contagiar-nos com a febre pela ciência”, pelos incríveis pormenores científicos que nos transmitia de maneira tão simples, e começámos a questionar-nos: “Cons
eguirei eu chegar a cientista? A ciência é tão fascinante!”.
Depois do almoço voltámos à Universidade. Desta vez fomos conhecer o Departamento de Física onde o Professor lecciona e o Museu da Ciência, recentemente criado, com forte impulso deste Professor.
Levou-nos de experiência em experiência, explicou-nos o funcionamento dos aparelhos e não se cansou de repetir que “a Física é uma ciência indispensável ao desenvolvimento da sociedade, pois consiste na descoberta do mundo e, para se viver melhor nele, convém saber como ele é. Foi o estudo da Física que nos deu a Internet, os computadores, a televisão, os automóveis, os frigoríficos, os telefones, a lâmpada eléctrica.”
Infelizmente o tempo foi passando, Carlos Fiolhais tinha uma aula para leccionar e nós um comboio para regressar a Aveiro.
Despedimo-nos fazendo votos de poder revê-lo e o Professor surpreendeu-nos oferecendo-nos um exemplar do seu mais recente livro (lançado esta semana) : A Nova Física Divertida.
Ao terminar esta reportagem não podemos deixar de sentir que viemos de Coimbra com a Ciência ao peito e uma grande curiosidade. Escusado será dizer que durante a viagem nada mais fizemos que ler e discutir este novo livro, sempre sentindo a presença forte do seu autor perto de nós.
Fontes: